Uma casa para as imagens

Quando queremos ver uma cidade no seu todo subimos a um sítio alto, a um miradoiro e daí nos deslumbramos com a rede de ruas, a soma de cores dos telhados e a conversa entre as diferentes geometrias que tecem a malha urbana. Mas se é os rostos dos seus habitantes que queremos conhecer, então procuramos um cruzamento e deixamo-nos ficar ou deambulamos, ao calhas, pelas ruas de maior movimento, pela Baixa.

Ora a Bedeteca de Lisboa é isto mesmo, uma espécie de cruzamento num miradoiro. Se queremos sobrevoar as imagens ou as queremos ter nas mãos esta é a casa certa, uma casa para as imagens com uma biblioteca no coração.

Não se iludam, as imagens são movediças, irrequietas e dificilmente se deixam aprisionar. Mas também são frágeis e não existem sem os nossos olhos.

É por isso que Lisboa tem mais imagens desde que o Palácio do Contador-mor acolheu a Bedeteca. Não é difícil, então, descobrir heróis de papel ou vozes de carne e osso que nos falem dos nossos cenários, das histórias desta e de outras cidades, do passado e do futuro.

João Soares
Presidente da Câmara Municipal de Lisboa